E fechando o domingo de feriado fica ai mais um poema do Toti, logo mais durante a semana virão novas contribuições e continuação da minha pequena cronica, bora rabiscar um café?
Apenas um anjo
Por onde será que você anda, onde se perdeu?
Procurei por varias noites escuras sua luz,
mas o destino quiz que eu te encontra-se
não tenha mais medo, não sinta aquela preocupação.
De longe sempre soube que você esteve por ai,
acima de toda distância sempre te observei
e como um anjo sempre te segui de perto,
mesmo sentindo aquele momento chamado saudade.
Sobre as sombras do teu rosto se escondem os anos,
acima de tudo fiz do tempo minha resposta,
os anos se foram enquanto a vida corria e você caminhava adiante
e eu errava para aprender a acertar.
Você acredita em anjos? eu sou um anjo que esta a te seguir
posso te tocar sem você perceber e quando se sentir bem saiba que sou eu que esta te abraçando,
Sente-se segura nos braços de um anjo? Posso dar-lhe essa sensação,
mostrar que para um anjo não há lugar que não se possa alcançar.
Você pode ir para longe, mas eu esterei por perto,
quando as lagrimas cairem, meu ombro estara lá para te confortar,
você perceberá que eu estarei sempre contigo, pois esse anjo
nunca irá te abandonar.
(Toti)
Se juntarmos um grupo de cem pessoas , pelo menos uma se expressa por palavras. Se juntarmos cem pessoas que se expressam por palavras , teremos chuvas de literatura num ambiente que há muito vem secando.
domingo, 8 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Alvoreçer
Sopra frio o vento do norte esta noite,
chega congelando meu espirito essa brisa que tu
traz contigo, ó vento, as lembranças de alegria,
lembranças de que um dia existiu aqui aquela historia.
Como cristais despedaçados a chuva cai fria e se despedaça ao chão
e ao redor do meu coração fica aquela aura de duvidas,
dizem que não é bom sentir incertezas nem medos,
mas como não viver sem sentir, como não viver sem o frio de um inverno e o calor de um verão?
Como as tempestades caem do céu, eu caio em terra,
assim como o sol ama a lua, corações amam uns aos outros.
E mesmo quando em meio a tempestade a destruição chega,
vem o alvoreçer da aurora iluminando a reconstrução de tudo.
Então alguem grita lá do fundo na escuridão, um som quase inaudive.
Onde esta a segurança que abraçou um dia com tanta fé?
Por onde terás que passar para chegar ao seu objetivo?
são duvidas que um coração encontra constantemente esperando por respostas.
Assim congelado pelas tempestades frias de inverno a alma procura uma luz.
sobre céus e estrelas, procura buscar ao longe uma maneira de trazer de volta a cura,
tenta ser compreensivel e entender que a incerteza é uma das muitas respostas
que irá durar enquanto existir a eternidade, o momento de vencer ou se render.
Toti
domingo, 25 de março de 2012
O MENINO, O ELFO E A OCARINA
Em uma terra longínqua nos
confins gelados do norte vivia um bravo e alegre garotinho, de cabelos loiros e
curtos, magricelo e sem pelos na face. Pouco sabia sobre os grandes mistérios
que o aguardava, mas ei de contar a vocês sua historia de aventuras, algumas
memoráveis outras um tanto doloridas, mas todas sem duvida ensinaram à esse
pequeno rapaz a nunca baixar a guarda e sempre seguir em frente.
Vivia em uma pequena vila que não
era tão gelada assim, fazia sol todos os dias e a lua brilhava no alto do céu
colorido pelas auroras. Sempre fora um garoto bobo, sorria até quando chovia, e
como gostava de chuva, corria pelas
trilhas lamacentas com os filhotes de lobo feito louco, gostava
demasiado de animais, principalmente os lobos.
Certa vez caminhando pela
floresta apenas com sua ocarina em mãos avistou em uma clareira uma sombra,
tentou se aproximar, mas não foi cauteloso o suficiente e a sombra ouviu os
sons de seus passos sobre os galhos úmidos no solo e correu desajeitadamente
por entre as árvores, tentou
acompanhá-la em vão, logo estava só novamente, aquele breve susto trouxe uma
vontade pela musica, pegou a ocarina e soprou uma canção divertida e alegre que
fazia as folhas secas saltitarem a rodopiarem a sua volta. Com apenas algumas
notas pôs toda a mata a dançar, e foi então que a sombra se aproximou por suas
costas e com um rápido movimento arrancou a ocarina de sua boca.
Não era uma sombra, mas sim um
elfo, de orelhas e membros longos e pontudos, era mais alto do que o garoto,
mas também não passava de uma criança como ele. Examinou o instrumento com
cuidado, assoprou de todas as maneiras possíveis e quando viu que não
conseguiria tirar nenhuma nota daquilo devolveu ao menino, decepcionado
sentou-se numa pedra e pôs se a bufar pequenas nuvens de vapor. Tinha os
cabelos curtos e encaracolados, era feio, nem um pouco parecido com as lendas
que o povo contava sobre os elfos, não que fossem raros, mas ninguém naquela
região tinha visto um até então.
Vendo o desanimo do elfo o menino
chegou um pouco mais perto e soprou algumas notas, simples, fluidas,
divertidas, que fizessem aquele ser estranho sorrir um pouco, vendo que o elfo
magricelo lhe deu atenção, entregou a ele a ocarina e colocou seus dedos nos
buracos certos do instrumento e fez o sinal para que soprasse, ao sair o
primeiro som, mudou os dedos de buraco e pediu para que continuasse a tocar, as
notas foram saindo de vagar, meio roucas e desafinadas, mas era um começo que
alegrou o menino de orelhas pontudas.
Começou ali uma amizade
promissora, uma aventura longa com muitos desafios e também a historia de um
garoto que um dia se tornaria muito alem do que todos pensavam.
sábado, 17 de março de 2012
Oeeeeeeeeee!!!! Baum?!!!
Eaew galerinha, em vista que somos um “bloguinho” no meio de
tantos outros que começaram e/ou estão começando, até que estamos bem nesse
universo estranho e maluco que chamamos de World Wide Web. Ao que parece mesmo
tendo um conteúdo voltado para um nicho mais fechado temos ai uma media de 40
acessos por dia e ficou bem claro que o povo quer, exige e pede cada vez mais,
incessantemente e até com violência por IMAGENS!!!! Sim imagens e sim você terão imagens. Até
porque é visível o peso dos textos, digo na questão de linhas sem pausa, não é
todo mundo que curte ler na frente de uma tela.
Com o recado dado acho que esta mais do que em tempo de
começar esse singelo projeto pessoal dentro do blog, será uma serie de pequenas
crônicas com ilustrações. A principio o modelo será o mesmo que usamos pro meu
ultimo conto “Meu anjo” (link), mas com uma temática diferente, alias os temas
de nossas historias também estão caindo na repetição
Espero que gostem do que esta por vir, pois estou preparando
com um carinho especial e em breve (mas não tão breve assim) estas mesmas
crônicas irão servir pra um projeto ainda mais ambicioso envolvendo animações,
mas não iremos focar no futuro e sim no presente.
Obrigado a todos os leitores e leitoras, seus lindos sem
vocês não seriamos muito mais do que
três nerds sem o que fazer. Ah e por favor comentem para que possamos saber o
que vocês pensam sobre os conteúdo como podemos melhorá-los.
(by Allarious)
segunda-feira, 12 de março de 2012
La marseillaise
Eram exatamente
sete horas.
Daniela estava
no quarto, tapando os ouvidos com o travesseiro para não ouvir a briga lá fora.
Era a quarta vez no dia que seus pais discutiam aos gritos daquele jeito, e ela
não estranharia se ouvisse o barulho de um tapa. Até porque, de vez em quando,
sua mãe merecia, mesmo. Fora ela o gatilho daquela e de qualquer outra briga
que houvesse dentro daquela casa, com sua mania de aumentar os detalhes da
convivência da família e transformá-los em tragédias shakesperianas. À tragédia
real, contudo, ela não dava atenção alguma: sua filha.
Daniela nasceu
de uma gravidez difícil, seguida de um parto que não podia ser descrito por
expressão nenhuma além de “suplício”. Sua mãe quase morreu no processo, e
apenas por sorte a menina não foi natimorta – se dependesse da própria Daniela,
ela teria escolhido não ter sorte alguma. Cresceu ouvindo relatos de uma época
áurea na família tanto do pai quanto da mãe, e observando de muito perto a
desgraça em que ambas as famílias caíram após seu nascimento. Talvez por isso
caiu em depressão logo na infância, e jamais levantou-se para chacoalhar essa
mortalha; não demorou para que o transtorno obsessivo-compulsivo e a síndrome
do pânico se apoderassem de sua já tão frágil mente. Também era muito antissocial
e antipática, e não conseguia se relacionar com ninguém por um intervalo maior
que algumas horas.
A briga acabou
mais cedo que o esperado, e Daniela enfiou a cara no travesseiro, tapando os
olhos também. Queria chorar, mas se sua mãe entrasse no quarto e percebesse,
ela estaria com muitos problemas. É difícil ter depressão numa casa em que
chorar é expressamente proibido, mas ela conseguia. Mais uma vez, engoliu o
choro. Não teve tempo de se encontrar com seus pensamentos, porque sua mãe
irrompia no quarto, barulhenta, dizendo que o pai de Daniela lhe deixara
sozinha para cuidar das galinhas e que era trabalho da filha fazê-lo, porque
ela já estava cansada daquela vida completamente solitária, estava cansada de
ter que fazer tudo enquanto Daniela ficava no quarto o dia todo, estava cansada
de trabalhar do mesmo jeito todos os dias com todas aquelas dores que sentia
por causa dos seus problemas de coluna. Aproveitou para acrescentar que era tão
feliz quando estava solteira... E tinha se casado com o pai de Daniela para
dar-lhe uma vida digna, com uma família completa, mas tudo o que tinha era um
marido ingrato, uma filha estranha e malcriada e os dois cachorros, que
pareciam ser os únicos naquela casa que se importavam com ela.
Saiu do quarto e
Daniela levantou-se molemente, sentindo o ódio pulsar em suas veias, correndo
mais rápido que o sangue. Foi até a cozinha para pegar o milho das galinhas, e
sua mãe estava cortando carne. Porque tremia muito, por causa do ódio
incipiente que lhe fervia o sangue, derrubou a tigela de milho, e observou os
grãos tingirem o chão clinicamente branco de amarelo ouro enquanto ouvia a mãe
dizer que, além de tudo, ainda era incapaz de segurar uma tigela.
O ódio gritou
tão alto dentro de seu cérebro que Daniela perdeu completamente a noção do que
estava fazendo e deixou-se levar por ele, pulando sobre a mãe e lhe roubando a
faca para atacá-la com ela. Não se deu conta inicialmente da quantidade de
sangue que manchava o chão, porque sua mente perturbada não estava preocupada
com isso. Quando finalmente deu por si, parou sua mão no ar, ao caminho do
pescoço da mulher, e encarou-a. Sua mãe estava completamente desfigurada e suja
de sangue até os quadris; tinha os olhos fechados e muito provavelmente não
respirava, mas Daniela não atentou para isso. Então começou a chorar, mas não
de tristeza, e sim porque tinha muito a chorar, e o faria assim que lhe
deixassem. Tremia muito, talvez de raiva ou então de susto – mais provavelmente
de raiva. Sua mão fraquejou a e ela soltou a arma.
Quando a faca
tocou o chão, eram exatamente sete e dez.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Meu Anjo
Estava ele deitado em sua cama no
vazio escuro de seu quarto às nove horas da manhã, janelas fechadas, acordado,
mas ainda se recuperando da ressaca da noite passada, um horrendo porre de
vodka com rum. Não havia nem tirado as
calças, capotou na cama sem camisa apenas, os coturnos estavam nos pés, mas
desamarrados, o quarto cheirava ao cigarro que queimara a noite toda no
cinzeiro.
A luz do dia invadia discretamente o
quarto pelas fendas da janela, o caos em sua cabeça impedia-o de levantar, o
teto girava e ele voltou a sonhar, de olhos abertos, as sombras na estante
dançavam conforme os raios de sol saltavam pela janela. Não demorou a vê-la,
ali parada em pé, vestia um manto preto apenas, as asas estavam encolhidas,
cinzentas com penas falhas, do capuz caiam os cabelos vermelhos como fogo, uma
chama fraca quase apagada discreta de inicio, os olhos verdes eram esmeraldas
derretidas cintilando dentro do capuz e tinha o sorriso mais belo que qualquer
deusa jamais sonhara ter.
Os raios de luz cessaram, as asas se
dissiparam e o manto virou cinzas ao caírem no chão, estava nua, de pele branca
e sem vida, os seios firmes e macios meio cobertos pelas labaredas dos cabelos,
descalça de pés pequenos e delicados, com dedos pequenos, roliços e apertados,
de calcanhares lisos e tornozelos frágeis, as pernas esculpidas em mármore
branco, de quadril não muito largo, com não mais que alguns poucos fios na
virilha coberta pelas sombras. Sorriu para ele, um sorriso cheio de alegria e
malicia, tentou se mexer, mas o álcool fazia seu papel de vilão. Em passos
silenciosos ela chegou até a cama, colocou a mão em seu peito e sussurrou em
seu ouvido, os dedos deslizaram para a fivela do cinto que depois de retirado
veio ao chão, rápida e ágil ela montou-o e beijou sua boca, nesse momento seu
membro sentiu vida e o álcool em sua mente passou a ser uma leve melodia.
Abraçou-a com as mãos tremulas e a
beijou uma vez mais, a língua estava confusa com aquele êxtase, ela dançava
sobre seu corpo e levava as mãos dele aos seios, não havia gemidos, apenas a
respiração ofegante e o calor dos cabelos em chamas que lambiam ambas as faces,
por alguns segundos se esqueceu de tirar as calças, então o fez desajeitadamente.
Ao entrar nela as chamas dos cabelos brilharam como o próprio sol, a dança
ganhou mais movimentação quando um toque agudo seguido de uma pausa e novamente
o toque. Os olhos se abriram novamente, sonho, fora só um sonho, o celular
despertara, olhou ao redor do quarto e não viu rastros dela, foi tudo apenas um
maldito pesadelo.
A ressaca ainda o atormentava, mas o
verdadeiro sofrimento era saber que foi tudo uma emocionante e maravilhosa
mentira, uma falsa promessa, sentou-se na cama e desligou o alarme. A cabeça
latejava, pegou o colar de prata que sempre carregava consigo, abriu o pingente
para vislumbrar a foto dela mais uma vez. O sangue fervera de imediato, não
conseguiu conter as lagrimas, a raiva envenenava seu coração, apertou o colar com
a mão e pendurou-o no pescoço, abriu a gaveta do criado mudo e ali estava,
tocou a coronha de couro frio com as mãos tremulas, puxou da gaveta, cerca de
um quilo e meio, cano longo e tambor com seis disparos. Passou a mão na arma
calmamente para sentir o metal gelado em suas mãos, pensou em várias maneiras
enquanto as mãos tremiam e o álcool martelava sua cabeça, cada escolha, cada
possibilidade, tudo o que podia e o que fez, mas no fim todos os pensamentos
terminavam nos olhos verdes daquele rosto de nariz arredondado com algumas
sardas e cabelos ruivos.
O indicador fixou-se no gatilho, o
cano encontrou seu queixo, a voz quase não saiu quando murmurou para si mesmo
em meio as lagrimas que desciam dos olhos.
- Estou a sua espera meu anjo. –
( Allarious )
domingo, 4 de março de 2012
Por Você
Essa é
a história de Leal. Não era um garoto diferenciado, nem muito alto, nem um bom
atleta, nem um bom dançarino. Mas sempre achei que nele havia algo especial,
diferente dos demais. Sempre adorei seu cabelo castanho e um pouco comprimo, e
o jeito delicado que o desembaraçava. Eu ficava feliz em vê-lo, mesmo sem poder
ver seu rosto.
Eu o
acompanhava quando a aula terminava. Deixava entre nós uma pequena distância e
o seguia até sua casa. Nas manhãs, acordava bem cedo e fazia o mesmo enquanto
ele se caminhava até escola. Ele nunca me notou, mas eu não me importava.
No
começo do ultimo mês ele estava muito triste. Chorava muito e ninguém sabia o motivo.
Um dia um policial entrou na sala de aula e o levou para conversar com o diretor.
Eu resolvi fingir uma dor de cabeça para poder sair também. Cheguei o mais
próximo possível de onde eles estavam, o suficiente para ouvir a conversa.
Agora sua tristeza fazia sentido.
Na semana
seguinte seu rosto triste foi substituído por um rosto pálido e assustado.
Desde o dia do enterro de seu pai, ele havia ficado muito deprimido. Seus
amigos o apelidaram das coisas mais horríveis que eu jamais havia escutado.
Tudo porque ele perdeu seu sorriso, não conversava com ninguém e não tinha mais
vontade de fazer nada.
Tudo
que eu mais queria era que minha tarde e minha noite passassem o mais rápido
possível, assim finalmente o dia amanheceria e eu poderia vê-lo, acompanhar sua
caminhada até a escola e ter certeza de que nada o incomodaria. Na outra
semana, ao ficar sentado chorando durante a aula de educação física, um grupo
de jogadores do time da escola o cercou. Eles o xingaram, o agrediram e
rasgaram seu material. Foram surpreendidos por um garoto grande, conhecido por
ser o capitão do time. Mandou que todos parassem e estendeu seu braço. Ao
ajudar o pobre Leal a se levantar, o soltou, acertou um golpe em sua barriga e
cuspiu no seu rosto. Eu não aguentei, corri para longe e comecei a chorar.
Passado
aquele dia, mais uma vez a sala de aula fora visitada por um policial, que conduziu
aqueles brutamontes que chutaram e cuspiram em Leal para fora da classe. Eu
sabia que logo mais haveria justiça. Agora a sala com seis alunos a menos
estava mais confortável para mim. Porém, depois desse dia ninguém mais sorriu
na escola.
Escutavam-se
nos noticiários todos os dias sobre a história do adolescente que matou seus
amigos a facadas no peito, arrancou e esmagou seus corações e no dia seguinte se
matou quando estava sozinho. Mas as coisas não estavam como deveriam. Leal não
teve seu sorriso de volta. Eu não conseguia entender. Seu pai que fazia...
aquilo, não o incomodava mais. Aqueles idiotas da classe não estavam mais lá
para o maltratarem. Porque seu sorriso não voltou?
Não
podia entender mais nada. Todos agora o tratavam como um monstro, como alguém
perigoso. E não havia no mundo uma pessoa mais maravilhosa que Leal. Mas
ninguém conseguia ver essas qualidades, a sinceridade e a delicadeza de cada
detalhe de seu corpo e de seus atos. Uma coisa seria não ter amigos por estar
chateado, mas o que aconteceu foi diferente. Ninguém o queria por perto, todos
o odiavam.
Meus
dias ficaram mais tristes e meu mundo se tornou vazio. A escola havia sido
fechada depois do que aconteceu. Não era para ser assim, não era. Agora minhas manhãs, tardes e noites eram
cinzentas e sem graça. Duas semanas sem ver Leal foram uma eternidade. Depois
da cerimônia em homenagem aos trinta e dois alunos mortos, eu percorri toda a
quadra a procura de Leal, no meio de pais, professores e alunos. Finalmente o vi.
Trocamos olhares por alguns segundos. Sua boca abriu. Ele ia falar comigo, eu
sei que ia. Mas foi interrompido e levado por homens vestidos de branco.
Reparei que sua mãe chorava quieta, como se não quisesse ver seu filho ser
levado. Demorei a entender o que havia acontecido.
No dia
seguinte, quando finalmente consegui passar pelo corredor principal do
hospital, avistei o quarto número 122. Ele estaria lá, eu tinha certeza. Estava
difícil correr, pois minha sandália estava com um pouco de sangue ainda fresco.
Abri a porta e o vi amarrado na cama em uma camisa de força. Estava dormindo,
tinha um rosto angelical como se estivesse sonhando. De repente a porta foi
chutada e um homem de branco entrou. Durou alguns segundos.
Ainda
vivo, tendo pequenos espasmos no chão enquanto o sangue jorrava de sua
garganta, suas ultimas palavras soaram como uma piada para mim, porque a
resposta era óbvia. Por quê? Porque uma pessoa incapaz de perceber a graça de
Leal, não merece ter um coração, assim como seu pai, assim como seus amigos,
assim como todos desse hospital, que duvidaram de sua bondade.
Após
abrir seu peito e esmagar seu coração com minha sandália, percebi que Leal
estava acordado atrás de mim. Fiquei tão nervosa, mas sabia que esta seria a
hora certa para falar com ele pela primeira vez. Limpei um pouco de sangue de
meu rosto e me aproximei.
-Leal?
-Fique
longe de mim!
-Mas...
por quê?
-Foi
você que fez tudo aquilo?
-Eu... tentei
fazer por você... porque...
-Você é
um monstro!
-...
-O que
vai fazer agora? Me matar também?
-Não.
Acho que também não sou digna de tê-lo.
-Está
falando de mim?
-Não...
estou falando dele.
-Não
faça isso, por favor.
-Entenda
isso como um reconhecimento de que errei... aceite ele.
E
naquele dia, meu coração doeu pela última vez.
( Dan )
sábado, 25 de fevereiro de 2012
O idealista
Já era muito
tarde, e um vento gelado soprava de nordeste. Tudo era rocha e grama dos dois
lados do caminho, e até mesmo a relva parecia estar seca e cinza de medo do
sangue. Mas não tu. Tu caminhavas para a morte como um adolescente caminha para
a amada. Andavas na direção do próprio destino, que sabias não ser bom, como se
o desejasses, como se aquela fosse a morte com a qual sonhastes por toda a tua
vida. É pouco provável, mas talvez tu nunca tivesses sonhado com a morte. Ou
então sonhastes com uma morte tranqüila, quando as tuas faces estivessem
enrugadas de cansaço e teus cabelos esbranquiçados de tempo. Mas o que mais te
vejo sonhar é com uma morte rápida e muito dolorosa, na mão daqueles que
combateste, porque essa é a morte mais desejada por aqueles que defendem um
ideal com o próprio sangue.
Tu, que
estiveste tão presente em tantos momentos da nossa história, não poderias
morrer diferentemente dessa vez. Em todas as tuas outras aparições, morreste na
glória, banhado pelo teu próprio sangue, que caía em bicas pelo bem do teu
povo. Morreste em Esparta e em Paris por daquilo em que acreditavas. Morreste
no Haiti e morreste na Somália, e ainda morres, diariamente, em tantos lugares
que é impossível contar. Teu sangue redime os pecados daqueles que não merecem
tê-los redimidos; tua cabeça é por eles exposta em praça pública e teu corpo
esquartejado visita as casas daqueles que tanto acreditaram em ti, para que
estes percam a esperança e jamais lutem novamente. Mas tua chama está sempre
acesa, e tua luz sobrepõe todas as outras, indo juntar-se às das estrelas mais
brilhantes e mais jovens do Universo.
Embora cansado,
ainda caminhas. Teus passos ecoam nos ouvidos do mundo e deixam rastros
impossíveis de serem apagados ou escondidos. Tua espada deixa um barulho
metálico de choque com as pedras por onde passa, mas teus próprios ouvidos não
conseguem distinguir tal som; muito menos teu olfato distingue o cheiro de flor
que o vento traz. Tudo em ti é morte. Tu és a morte. Teus olhos refletem o
horror e a delícia de morrer nas mãos dos inimigos pelos teus ideais; teu nariz
só sente o cheiro do teu sangue, que ainda há de ser derramado; tua boca sente
o gosto agridoce da vitória derrotada; tua pele percebe o toque leve do vento a
brincar com esse minuto de tensão extrema, no qual te recordas de ti.
Não te apresses;
ainda há tempo até que desça sobre ti o peso do fim da existência. Aproveita
esses momentos para recordar-te da tua vida, do tempo que passaste discursando
aos que não entenderiam de outra forma, dos dias inteiros que perdeste
premeditando seus passos, a fim de não cair nessa arapuca a qual daria fim à
tua vida. Mas o destino é um amigo cruel; ele não perdoa dívidas e não dá o
braço a torcer. O maior erro na tua vida foi ter contraído dívida com o
destino. Se não o tivesses feito, talvez agora estivesses livre para fazer o
que quisesses. É fácil entender, todavia, porque tua vida é tão diferente. Isso
não é obra do destino. Foi pura e simplesmente tua escolha cair da corda bamba
em que te equilibravas debilmente. Andaste para esta morte, com tuas próprias
pernas, e com nada menos que teu sangue pagarás por essa escolha.
Teu semblante
cansado é parcamente iluminado pela lua, e o mundo sente dó de ti. Mesmo
aqueles que te condenaram agora viram o rosto, tentando se mostrar simpáticos à
tua dor. Mas só tu mesmo sabes o que é estar defronte a todos contra os quais
tanto lutara, pronto para morrer pelas mãos deles. Só tu sabes o quanto dói ter
a vida tolhida em favor de idéias... Só tu sabes, e só agora descobristes, que
não vale a pena viver de idéias. Idéias mudam, idéias acabam. São perecíveis.
Tu também és perecível, mas tens o direito de escolher como viverás tua
existência perecível; as idéias todas vivem do mesmo modo: parasitas de pessoas
como tu, que vivem delas.
Teus joelhos
tocam o chão, e aqueles que te condenaram agora têm o rosto transfigurado. Se
antes teu semblante era, para eles, digno de pena, agora é nada mais que uma
ameaça, algo que deve ser eliminado antes que dê frutos. Tuas vistas estão
turvas, e não vês nada além de morte. Se antes eras a morte, agora a morte é em
ti. Crave tua espada no chão pedregoso mais uma vez! Grite aos céus que te salvem
a alma, que teu corpo é o que menos importa! Mas tu não fazes nada disto,
porque não é necessário. Não queres que te salvem a alma, muito menos o corpo.
Basta que salvem tua mente, teus conhecimentos, e repousarás em paz. Basta que
não deixem que te arrependas...
O carrasco
conduz-te à morte, e tu te levantas para recebê-la com bravura. Não há nada
digno de piedade em tuas feições, mas sim, de orgulho; deixaste a vida em prol
das tuas idéias, com a esperança de que, um dia, estas se cruzassem com outras
e se reproduzissem, e, assim, suas netas pudessem alcançar o que as avós não
conseguiram.
(nath)
(nath)
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
O Preço
O sol já se punha quando cheguei em casa, aflito, com um
sentimento medíocre de auto piedade e agonia dentro de mim, a minha frente
estava a sala de estar com a mesa de vidro, o sofá e as poltronas mais o raque
onde ficava a televisão,onde deixei minha mochila, seguindo para direita pelo corredor
que dava no meu quarto, as paredes escureceram como se algo roubasse a luz do
apartamento, não notei de imediato a mudança no ambiente, mas era de se esperar,
meu andar se tornou mais lento e logo o corredor foi tomado por completo pelas
sombras, continuei indiferente a escuridão ao meu redor, o chão transmutara-se
em pedra junto com as paredes, me vi em uma espécie de caverna apertada, escura
e quente, avancei andando calmamente, as paredes se transformavam conforme eu
prosseguia por aquele caminho, um caminho familiar, uma trilha a qual eu já
trilhara antes, os muros agora estavam infestados com cadáveres. Os mortos vivos gemiam, pregados nas laterais
do corredor com seus membros balançando, braços e pernas e mãos que se mexiam
incessantemente, tentavam me alcançar, puxavam meu cabelo e arranhavam meus
braços e gritavam para mim “FRACASSADO! FRACASSADO! TOLO! TOLO! GAROTO IDIOTA!
VOCÊ A PERDEU! FRACASSADO!”. Um zumbido irritante, uma canção demoníaca e mal
arranjada, mas que aos meus ouvidos nada significava.
Naquele dia usava os meus velhos coturnos pretos já gastos,
uma calça jeans surrada não muito nova e a celebre camiseta do Pink Floyd que
sempre foi e será um de meus tesouros. O corredor findava em um salão com o
piso feito de ossos velhos carbonizados, era todo fechado, tendo apenas o
corredor como entrada e saída, as paredes eram feitas de pedras em brasa, a
única fonte de luz do recinto, no centro estava ele em seu trono, uma grande
cadeira de pedra maciça que emergia da pilha de ossos, trajava um terno fino,
preto com listras cinzas, a pele era rosada com as extremidades avermelhadas, tinha os cabelos curtos e
negros, da testa subiam dois longos cornos e entre eles pairava uma auréola de
fogo. Fui ao seu encontro, meu rosto sem expressão e fechado divertia-o,
levantou-se de seu trono cinzento e me recebeu com um sorriso malicioso.
- E então? Teve o que queria? - A questão imposta tinha tom
de brincadeira.
- Não foi justo, não era para terminar assim. – Seco e sem
emoção.
- Nunca disse que seria, agora pague o que me deve. O que
você esperava? Achou mesmo que seria ela? Garoto tolo! – “Garoto”, a palavra
era como navalha cortando meus pulsos. – Dei a você o que me pediu, não tenho
culpa de suas escolhas. Vendeu-me a alma por ela, deu à ela teu coração e agora
tens a mente mutilada pelas lembranças, achou-se homem feito quando não passa
de uma criança que não sabe o que quer! Tolo, garoto tolo. – Mais uma vez, como
uma lamina a cortar-me a carne. – A divida, vamos logo.
- Era uma armadilha e eu sabia, mas ...
- Mas o que? Foi sua própria luxuria quem o enganou, ou vai
me dizer que foi por..
- Amor! Sim, foi.
- Amor? Ra! O amor, então és mais tolo do que imaginara.
Do chão de ossos uma chama fraca emergiu, formando um espelho
de fogo, nele eu via entre as chamas o rosto dela, um rosto delicado de
bochechas macias e lábios carnudos, apertados e vermelhos, o olhos escuros eram
como perolas negras e os cabelos não passavam dos ombros, linda como sempre
foi, linda como eu sempre me lembrarei, carregava lagrimas nos olhos e um
sorriso tristonho, não me atrevia a dizer que era por mim a quem chorava, mas
aquela visão despertou em mim a raiva que se acumulava. Fui deixado, mais uma
vez, abandonado nas sombras e agora mais que nunca me culpava por tudo, minhas
mãos se fecharam espremendo meus dedos naquele impulso de ódio.
- O que esta esperando? Colete logo o que veio buscar e me
deixe em paz demônio maldito
Ele guinchou de alegria, sua risada ecoara por todo o salão,
levantou a mão fumegante babando labaredas dos dedos e tocou meu peito, puxando
minha alma, de repente todo o cenário escureceu e acordei de súbito em meu
quarto, suava frio, a visão demorou a se acostumar com as paredes brancas,
senti o peso de meu corpo cair na cama, depois de alguns segundos procurei em
meu peito onde o demônio arrancara de mim a alma e percebi que havia algo
errado, algo que faltava, o coração não batia, tentei falar, mas a voz não
saiu, tentei me levantar, mas as pernas não obedeciam. Então a voz dela veio
como um sussurro em minha mente, doce e carinhosa com um toque de sensualidade:
“Adeus meu querido príncipe.”
E assim meus olhos se fecharam e uma parte de mim morrera
naquele dia.
(Allarious)
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Apresentando-se
Olá
a todos. Bem vindos ao primeiro post do blog Café Rabiscado. Usaremos esse
espaço para nos apresentarmos. Somos uma equipe de seis pessoas, autores e
desenhistas. Publicaremos contos dos mais variados estilos: Romances,
tragédias, terror, comédias, aventuras...o que der na telha e na criatividade
de cada um.
Falando
um pouco de mim agora, atendo pelo nome de Dan. Sempre tive paixão por
leitura. Acredito na capacidade de um livro mudar uma pessoa. Minhas histórias
favoritas sempre foram aventuras puxadas para um romance, mas como contador de
histórias eu sempre tive um forte com histórias de terror. Nunca mostrei nenhum
material escrito para alguém, mas sempre contei diversas histórias que vivi e
ouvi para amigos, e foram horas bem agradáveis. Espero conseguir compartilhar
contos divertidos pela internet. Um abraço!
( Dan )
Oeee!!! Baum?!!
Olá caro ser humano que visita este
singelo blog, seja bem vindo!
Tendo
em vista que somos um grupo de amigos que se juntou por uma simples necessidade
de ocupar o tempo livre com algo que de gosto comum a todos, veio a idéia deste
blog, então o nome, e suas devidas divisões perante os membros colaboradores do
mesmo.
Sendo
assim, me apresento a vocês, leitores, expectadores e amantes da arte, seja ela
escrita, cantada ou mesmo desenhada e pintada. O que começamos aqui é um
projeto, um projeto e suas possibilidades, um espaço onde pessoas com sede de
algo, talvez não exatamente novo, mas diferente, uma forma de entretenimento
que sirva para relaxar seu dia, sua noite ou sua madrugada, tirar o peso de sua
consciência, deixar de lado por alguns instantes os problemas mundanos e
flutuar conosco em mar de café, letras e rabiscos. E não há problemas se você
talvez não goste tanto do café, este foi escolhido como alegoria para mantê-los
acordados, para climatizar o ambiente na forma de uma manhã alegre e fora do
comum ou de uma noite que mereça um toque especial, assim como uma madrugada
que precisa de mais energia. Pensamentos diferentes geram idéias diferentes que
geram experiências diferentes e logo entramos em uma corrente que se fortalece
a cada elo forjado por mentes pensantes indiferentes aos preconceitos e
censuras impostos por uma sociedade que talvez ainda não se abriu completamente
para consumir esse tipo de conhecimento.Sente-se, deleite-se, respire fundo e
deixe o peso do seu dia no chão um pouco, tome um pouco do nosso café, e
divirta-se com os rabiscos feitos por essas crianças arruaceiras que estão a
brincar de poetas. Sinta o gosto do mistério, da luxuria, do amor e raiva e da
fúria, da preguiça, sonhe conosco em nossas historias. Historias contadas não
só em letras, mas em riscos e tinta e cores, em formas e contextos. Obrigado
por seu tempo, espero ter feito você sorrir por alguns segundos e se esquecer
do cotidiano rotineiro que todos somos obrigados a seguir. Ah sim, quase que me esqueço, sou Allarious,
estarei disponibilizando contos, poesias, crônicas e desenhos também,
divirtam-se.
( Allarious )
Oi,
meu nome é Rodrigo... quer dizer.... Chibiko... sabe aqueles caras que você só
conhece pelo apelido e mesmo que tenha tido muitas aventuras com ele você ainda
não sabe qual é o verdadeiro nome dele? É... sou eu! Oi gente que gosta de ler
a toa!
Estou
escrevendo isto pra explicar a minha atual função no Café e sobre o efeito do
mesmo (adooooro café!). Bom, vou ficar de revisor geral (vou dar uma olhada pra
ver se esse povo ta matando os portuga tudo!), vou tentar divulgar o blog
sempre que puder e se a inspiração baixar em mim eu escrevo alguma coisa pra
vocês morrerem de vergonha de mim, ok? (humor ruim da nisso né? rsrs).
Abraço,
bandipanda! =*
(
Chibiko )
Eu
não consigo entender as pessoas. O jeito com que elas cobram umas das outras
comportamentos e reações que simplesmente não fazem sentido. A coragem que elas
têm de impor a todos os outros - e, automaticamente, a si mesmas - um jeito de
ser, de falar, de se vestir. O orgulho que elas têm de dizer que acreditam que
todo mundo é igual enquanto não conseguem olhar para duas meninas andando de
mãos dadas na rua. Mesmo eu não entendendo as pessoas, elas teimam em querer me
falar que eu tenho que ser como elas; mas não dá. Eu não sou assim.
Eu
acho que a vida tinha que ser muito mais simples do que é na verdade, e é por
isso que eu não entendo as pessoas por completo, mas entendo o lado ruim delas:
porque a parte ruim é sempre simples de entender. O ódio é simples. A raiva é
simples. O amor, por outro lado, é peculiarmente complicado. E porque eu acho o
ruim mais bonito, simplesmente porque é simples, as pessoas acham que eu sou
estranha. Eles nem tentam entender minha estranheza: se contentam em ficar
longe. Pois é, pessoas, eu tenho uma coisa chocante para dizer: eu sou igual a
vocês. Acontece que também sou um pouquinho diferente.
(
nath )
Desista.
Sério. É melhor: desista.
Como é uma apresentação, eu me apresentaria como um homem de lata que logo de cara já percebeu que não precisa de um coração. E escrevo como se as vezes eu me esquecesse disso...
Um beijo.
( Alan )
Desista.
Sério. É melhor: desista.
Como é uma apresentação, eu me apresentaria como um homem de lata que logo de cara já percebeu que não precisa de um coração. E escrevo como se as vezes eu me esquecesse disso...
Um beijo.
( Alan )
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